São jovens, com trajetos diferentes, mas que encontraram em Rotary, em Portugal, apoio para não desistirem dos sonhos. Com registos diferentes (um é contado na primeira pessoa, e com toques de crioulo), ambos espelham a importância de ter quem acredite no seu futuro.
Rohaf Aloush, estudante Síria do curso de Ciências Biomédicas e Laboratoriais, com 24 anos, partilhou a sua história de integração em Portugal, no passado dia 18 de março, no decurso do Seminário “Liderança para a Paz”. A sua história de perseverança deu a conhecer um pouco das dificuldades que ultrapassou até ser integrada em Portugal, e a realidade do seu dia a dia no país. Na Síria, estudou enfermagem e participou em campanhas de vacinação e ajuda no centro de saúde da sua comunidade.
A sua viagem começou em 2015, com fuga da guerra na Síria. Atravessou, com a mãe e o seu irmão mais novo, os Montes Tauro em direção à Turquia, procurando evitar serem vistos pelos militares turcos que vigiavam esta zona da fronteira.
A estadia na Turquia foi muito curta, pois era perigoso permanecer no país devido à sua etnia curda. Entre ficar em perigo de vida na Turquia e apostar numa hipótese de vida digna e oportunidade de viver na Europa, a família escolheu atravessar o Mediterrâneo numa embarcação de plástico. A embarcação, com capacidade para 30 pessoas, levava 60, quase não se mantendo à tona. O bote começou a meter água, tendo os seus ocupantes sido salvos pela marinha grega.
Depois de sete meses num campo de refugiados, Rohaf teve como país de integração Portugal. Aqui contou com a ajuda da Plataforma de Apoio aos Refugiados. No entanto, por não conhecer a língua ou qualquer comunidade síria, a sua integração foi muito difícil nos primeiros tempos. A Associação Pão a Pão, que ajuda refugiados e migrantes na integração e na busca de trabalho, ofereceu um emprego à sua mãe num restaurante de comida síria em Lisboa, o Mezze. A igreja ajudou-a nos estudos, permitindo-lhe ter mais aulas de português,o que possibilitou a oportunidade ingressar na Universidade.
Rohaf encontra-se neste momento a estudar Ciências Biomédicas e Laboratoriais, sendo o seu sonho trabalhar no hospital Egas Moniz em colheitas ou anatomia patológica (fazer autópsias e análises clínicas). É adepta do trabalho voluntário e, em Portugal, já participou num projeto de investigação do ISCTE de nome FAMI: Saúde em Igualdade, onde fazia o acompanhamento e entrevistas a outras famílias refugiadas.
A pandemia trouxe mais desafios: a sua mãe entrou em lay-off, o pai, recentemente chegado da Síria, foi sujeito a uma intervenção cirúrgica. Os pagamentos de renda de casa e outras despesas têm sido difíceis de cumprir. As adaptações para as aulas on-line trouxeram outras dificuldades, o obstáculo da língua que já se mostrava difícil agora com as desigualdades e falta de acompanhamento fez com que o ensino se tornasse ainda mais distante. Contrariamente aos seus colegas, e sem a possibilidade de fazer os exames a partir de casa, tinha de se deslocar à Universidade. Felizmente, a doação de um computador pelo Distrito 1960 veio colmatar esta última dificuldade. Acima de tudo, Rohaf sente-se grata pela oportunidade de recomeçar, em Portugal, com a sua família.
“Gosto muito de Portugal e pretendo ficar cá e ajudar a construir o futuro do país como uma cidadã exemplar. Em setembro eu e a minha família vamos começar os testes para adquirir a nacionalidade e espero, nessa altura, conseguir partilhar convosco como correu tudo bem e dizer com orgulho que sou portuguesa.”
Texto de Rui Filipe Gil
“Sou o Rui Júnior dos Reis Dias Teixeira, tenho 21 anos e a minha nacionalidade é cabo-verdiana, mas neste momento vivo em Portugal (Porto). Frequento a licenciatura de Arte e Multimédia do ISMAI. Sempre procurei trabalhar e estava a conseguir conciliar isso com a escola, mas a pandemia trouxe mudanças, desemprego e alguns dias sem conseguir ter comida. Através de alguns amigos cabo-verdianos consegui encontrar ajuda na Igreja e foi aí que me foi dado o contacto da Dra. Paula Rodrigues, do Serviço Jesuíta para os Refugiados. Com o tempo, ficámos mesmo amigos e ela orientou-me nas coisas em que podiam ajudar. Um dia perguntou-me se não tinha problemas em fazer parte de um grupo. Aceitei, mesmo sem saber o que era, e, assim, entrei no grupo da Academia Paul Harris, do Distrito 1970 do Rotary. Senti-me acolhido por pessoas incríveis.
A minha definição de Rotary é que é missão para toda a vida. Fiquei espantado por lidar com pessoas que se preocupam com a estabilidade e o equilíbrio das coisas que nos rodeiam. E este equilíbrio dá uma construção de nós próprios, adquirindo todos esses conhecimentos. São gerações diferentes a chegar a linhas de pensamento iguais e tudo isso me deu uma alegria de aprendizagem. Gostava que todos tivessem um pedacinho essa abordagem que pode trazer outros pontos de vista para a nossa vida futura. Posso passar todo o tempo do mundo a dizer palavras bonitas e tudo o mais, mas prefiro aconselhar todos a conhecer estas pessoas fantásticas. Acabei por descobrir que a dificuldade nos leva sempre para pessoas boas porque, mesmo sem ter nada, consegui estar dentro de um lugar em que as pessoas me entendem. Eu vejo o Rotary em dois sentidos: eu antes do programa e eu depois do programa. É uma coisa que ficou marcada para mim e o que eu quero fazer no futuro da minha ilha é levar tudo isso para mostrar a diferença de estar dentro da caixa e estar fora da caixa.
Vocês deram-me apoio, mesmo quando as coisas não estavam a correr muito bem. Vocês são mesmo espetaculares, conselheiros e meus amigos. Conheci-vos on-line, mas não me senti ausente de vocês. Vou sempre agradecer a ajuda dada, principalmente pelo computador que me ofereceram, que foi uma vibe diferente em mim porque não estava à espera dessa porta se abrir desse jeito. Desde que cheguei a Portugal nunca achei um apoio melhor que no Rotary. Proporcionaram-me rir nos momentos mais difíceis. Obrigado, Dra. Paula, gosto muito da senhora porque me ajudou muito sem me conhecer de nenhum lado. Agradeço-lhe do coração. Também tenho de agradecer às pessoas da Igreja Católica que estiveram comigo e não me deixaram passar fome. Quero conhecer os Rotários presencialmente. para ter pessoas ótimas ao meu lado.
I tud dia é um novo dia de aprendizagem poriss nunca um t fca parod sempre ne mesmo rotina pa txga la um dia. I esse li um t mostra tud kex jovem moda mim porke no te li pe marca diferença. – Como todos os dias são de aprendizagem nunca fico parado nas rotinas, para chegar um dia aos meus objetivos. Tudo isso é para mostrar a todos os jovens, como eu, que estamos aqui para marcar a diferença.
Estamos sempre juntos em Rotary.”