Por Joana Nazareth Barbosa
Quando uma criança nasce portadora de deficiência, em determinadas comunidades, as suas famílias e, em especial, as suas mães, são injustamente culpadas e as suas crianças tornam-se alvo de discriminação. Na guerra contra o preconceito, estas mães lutam todos os dias pela dignidade dos seus filhos. A Cooperativa Luana Semeia Sorrisos (COLUAS), criada em Maputo e presidida por Benilde Mourana, tem vindo a desenvolver um importante trabalho enquanto instituição de referência em Moçambique na luta pelo direito ao diagnóstico e no acompanhamento de crianças e jovens portadores de deficiência e das suas famílias. Nos dias em que vão para a Cooperativa, as mães podem focar-se nos seus próprios projetos e realizar trabalhos manuais que depois vendem para sustento da família, enquanto os filhos são apoiados e recebem cuidados de fisioterapia.
Com o surgimento da pandemia por covid-19, a Cooperativa viu-se obrigada a fechar as portas. O Rotaract Club de Parede-Carcavelos e o Rotaract Club de Santarém, ao ter conhecimento da situação de emergência vivida na COLUAS através da ex-voluntária Joana Branco, decidiram aliar-se para criar o projeto “Dar a Mão às Mães”.
Rapidamente, as histórias que contávamos chegaram aos corações de quem as lia, sendo muitos aqueles que enviaram as suas contribuições e ajudaram na divulgação do projeto. Aliaram-se a nós várias figuras públicas e criadores de conteúdos, tais como Paulo Battista, Sónia Tavares, Catarina Raminhos, Mónica Borges, Elsa Teixeira, Mariana Aires, e Vera Fernandes. No final, os clubes conseguiram realizar uma campanha de angariação de fundos que juntou cerca de € 1300, os quais foram enviados à Cooperativa com urgência, chegando às casas de 45 famílias, na forma de bens de primeira necessidade.
De modo a garantir um maior alcance num projeto internacional, os clubes Rotaract de Maputo, Lisboa, Sintra, Oeiras, Setúbal, Caldas da Rainha, Tavira e Interact Club de Almada juntaram-se aos clubes fundadores para formar uma equipa de trabalho e dar início à segunda etapa do projeto. Em conjunto, os clubes têm trabalhado no sentido formar grupos de discussão e de trabalho, focados na troca de ideias e na resolução de problemas de cariz diverso, distribuindo os seus membros pelas seguintes comissões: Comissão de Divulgação e Angariação de Fundos; Comissão Saúde de Mães e Filhos; Comissão de Desenvolvimento Económico; Comissão de Educação.
Os clubes Rotaract e Interact que compõem o projeto “Dar a Mão às Mães” estão empenhados em transformar o paradigma, contribuindo para a integração das pessoas com deficiência nas suas comunidades e orientando-se pelas várias dimensões da acessibilidade, levando especialmente em conta: a acessibilidade atitudinal, fazendo por desconstruir as barreiras sociais existentes na comunidade em foco; a acessibilidade arquitetónica, criando espaços físicos acessíveis; e a acessibilidade programática, zelando pelos direitos da pessoa com deficiência e, em concreto, da criança com deficiência. Faz parte do objetivo comum, empoderar as crianças com deficiência e as mães destas crianças, através do acesso à educação e ao trabalho.